Hoje, por volta de 13:30 da tarde, meu telefone toca e minha esposa antende. Estou meio despreparado, pensando em onde deixei minha cartilha do ABC em 1988, totalmente relaxado e escuto minha mulher dizer: toma, é Anchieta Dalí. Senão tivesse mandado uma mensagem ontem pro programa dele e sendo assim, ele teria meu número, pensaria que fosse um trote. Eu sou um grande admirador da arte desse poeta. No meio de tanta música desqualificada e tanta gente que faz arte baseada no “paiol de dinheiro” que é vindo das gravadoras e meios de comunicação, Anchieta é um daqueles poetas que tem uma obra do tamanho do mundo e de uma competência explêndida no sentido de viver da arte em toda sua essência. Eu estou cada vez mais convencido de que poetas desse quilate, que destoam da musicalidade preferida das grandes massas mas continuam produzindo em larga escala, são iluminados que papai do céu manda para alegrar a vida de algumas pessoas que tem um pouco mais de criticidade nas ondas sonoras que devem entrar nos ouvidos.
Conversamos durante algum tempo. O poeta agradeceu por está escutando o programa, convidou para aparecer em Belmonte, falamos sobre o seu novo projeto que logo irei divulgar aqui e sobre as motivações que o levaram a pensar nisso. Falei da minha admiração pela sua obra que tem início desde o tempo em que morei em Recife. Mesmo já tendo encontrado ele várias vezes por lá e o cumprimentado, mas foi a primeira vez em que houve a oportunidade de conversarmos mais sobre isso. O que mais me chamou atenção foi a simplicidade com que Anchieta trata as coisas. Só para citar um exemplo, no meio da conversa digo a ele que o cara que faz “Estradar” não precisa fazer mais nada no mundo. Com toda simplicidade do mundo, o poeta tenta me convencer que qualquer pessoa que divulga o sua obra é tão poeta quanto ele.
Enfim, fiquei muito feliz de saber que num mundo em que tantos astros são tão inacessíveis aos seus fãs, há artistas como Anchieta Dalí, Maciel Melo, Josildo Sá, Santana, entre outros, que fazem questão de manter a uma humildade que talvez seja o grande ingrediente para fazer obras que ficarão eternizadas no cenário da música brasileira. Paz e bem, poetas!