Arquivo do mês: dezembro 2007

A nós mesmo

Mais um ano vai chegando ao fim e outro ano já vem à galope querendo chegar. Os problemas continuam quase os mesmo. Fala-se em transposição, em seca, em fome, falta de oportunidades, de incentivos… problemas tão seculares e que parecem que nunca serão resolvidos. Na era em que estamos, onde todo setor social por mais tradicional que seja, já sofreu o impacto da evolução tecnologica e social que o mundo alcançou, os problemas que afetam nós Nordestinos {Nordestinados como eu} continuam sem solução aparente. Ainda se vê, pasmem, pessoas sofrendo com a falta de água para fazer qualquer coisa que seja e ÁGUA é necessidade básica do ser humano. Ainda se vê, pasmem, gente passando FOME e comida é básico para manter a vida ativa.

Na minha concepção, falta vontade de quem nós escolhemos para fazer essas coisas por nós e de NÓS mesmos. Nós somos preconceituosos com nós mesmos, sim. Quer ver exemplos? Vamos a eles…uma das grandes riquezas de Pernambuco, em particular, é o frevo e o forró. O forró ainda consegue se afirmar mas a grande massa venera um tipo de forró, que nem o som de uma sanfona se escuta. O frevo é esquecimento e gozação. O jovem que disser que gosta de frevo, em Pernambuco, pode ser taxado, no mínimo, de velho. E se o frevo fosse Baiano? Sei não, mas possivelmente eles saberiam valorizar mais que nós.

Cantoria de Viola, Embolada, Repente, Cordel, Poesia…rapaz, isso é coisa que pouco se escuta e se valoriza. E nem se respeita. É coisa pra quem gosta mesmo. Eu, jovem de 26 anos, gosto de tudo isso e vez por outra, tem alguém que acha que tem o direito de me perguntar porque eu gosto dessas coisas…isso é demais! Mas é assim que funciona, infelizmente. Enquanto o preconceito existir, enquanto agente botar pra lascar na gente mesmo, a nossa evolução vai continuar caminhando para uma involução e nossos problemas nunca serão resolvidos porque agente não faz nem a nossa parte.

Em 2008 esse blog volta com força total, sendo uma peça na engrenagem como sempre foi. O papel desse blog é se juntar a dezenas de outras iniciativas pontuais de pessoas que lutam para que a cultura nordestina seja respeitada, sem sombra de dúvidas. No próximo ano a luta deve continuar, a batalha é difícil, mas ainda tem soldados na guerra.

Forte abraço a todos e Feliz 2008, Ronaldo C. Veras.

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Feliz 2008

Meus senhores e minha senhoras
queria lhes parabenizar
pela paciência de estar
nessa minha convivência
ter vocês na minha querença
é coisa de dizer “benzó deus”
aturar um matuto que nem eu
é tarefa que serve de provação
mando um cheiro no meí do coracão
são os votos desse cabra, que sou eu

Fiz da vida esse ano uma represa
jorrando alegria em cada canto
espirrei água limpa e lavei o pranto
das tristezas que a vida quiz me dar
mas tal qual a força que há no mar
também tem a minha vida de represa
destruí todo tipo de probreza
dei um pão para aquele que tem fome
um Feliz 2008, em nosso nome
repleto de alegria e de pureza

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Para a manga espada

manga.jpg

Analise um pé de manga espada
dando fruto quando o ano vai findando
manga verde nessa época madurando
logo espalha o folharal pela calçada
sendo a fruta um tanto adocicada
lambuzando a mão de quem devora
faz inveja ao sabor da castanhola
que amarga um paladar mais aguçado
admiro um quintal “en-manguezado”
e uma manga embrulhada na sacola

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Uma poesia caverno-macabro-ilária

sei que a vida é deveras passageira
e que Deus há de, um dia, me levar
sei que todo dinheiro que eu juntar
vou deixar pra alguém tomar de posse
mesmo que toda riqueza me conforte
não queria desse mundo escafeder
mas assim como um dia eu fui nascer
tem um dia que o céu vai dar um bote
EU NUNCA TIVE MEDO DA MORTE
APENAS MEDO DE DEIXAR DE VIVER.

pra provar que dá morte eu não tenho medo
fiz a planta da minha catatumba
projetei uma cova larga e funda
pra caber toda a minha longa história
desenhei uma lápide na memória
com a data do dia de eu morrer
mas o prazo só Deus há de saber
por enquanto, vou vivendo a minha sorte
EU NUNCA TIVE MEDO DA MORTE
APENAS MEDO DE DEIXAR DE VIVER.

tenho medo é de cumade florzinha
que suas tranças, nos meus pés, pode enrolar
me matando com seu golpe capilar
decretando o alvará da minha morte
eu prometo do caixão dar um pinote
se eu ouvir o povo, triste, chorando
quero ouvir é uma zabumba batucando
e uma mulher cheirando o meu cangote
EU NUNCA TIVE MEDO DA MORTE
APENAS MEDO DE DEIXAR DE VIVER.

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Feliz Natal

A todos que possuem paciência de entrar nesse humilde blog, quero desejar-lhes um Feliz natal e que Deus possa abençoar a todos nessa época natalina. Esse blog entra em recesso até a próxima quarta-feira (26/12/2007) com mais coisas nordestinas.

natal.jpg

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